Era o último número da lista. Tinha em mim a esperança que desta vez fosse alguém atender. Passado breves segundos ouvi do outro lado uma voz meiga que me trouxe serenidade. Expus a situação e logo a seguir o meu coração bateu mais forte. As lágrimas que ouvi cairem despedaçou o meu coração em mil pedaços. A D.Delmira não tem filhos e como ela própria o afirma vive "sozinha de noite e de dia", tem uma série de problemas de saúde e ao que me deu a parecer os familiares mais próximos não prestam o auxilio necessário... Não que não a levem ao hospital porque não é disso que se trata, é sim de algo mais simples até! Entre lágrimas confessou-me aquilo que eu já sabia, "só queria um bocadinho mais de carinho". Fiquei revoltada, doente no meu interior. Como é possível alguém tão puro como aquela senhora sentir-se carente?! Fiquei á conversa com ela, encorajando-a a encarar a sua situação com mais optimismo, a sorrir mais... Mas como pode ela sorrir se está sozinha? Realmente, pensei eu para mim, para esta não tenho resposta. Senti-me minuscula naquele momento. Prometi-lhe então que a iria visitar e ela respondeu-me uma vez mais entre lágrimas, "só quero que me prometa coisas que vai cumprir!" ao que eu respondi prontamente, "se eu prometi, vou cumpri-lo!!!". As lágrimas desapareceram e a voz terna regressou e disse, "fico á sua espera, ansiosa por a conhecer menina". Não a conheço, não sei de que cor é o seu cabelo, a sua pele ou os seus olhos. Aquilo que eu sei é que vive rodeada de quatro paredes, com o coração amarrado pela solidão e presa a umas moletas. Que triste pensei eu! Compus-me e rapidamente lhe disse, "Não desligo enquanto não me prometer que vai fazer de tudo para ter um dia feliz". Finalmente consegiu prometeu-me e quando desliguei, a primeira coisa que pensei foi, estou desejosa por lhe ir fazer uma visita, para ajuda-la a sorrir e a sentir-se melhor. Era o que eu mais queria e é o que vou tentar fazer!
"Solidão é quando o coração, se não está vazio, sobra lugar nele que não acaba mais."
Catarina
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